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Saber liderar é diferencial competitivo

Nem todo chefe sabe ser líder, e essa situação pode ser a chave de muitos problemas em empresas

No mundo dos negócios e no mercado de trabalho em geral é necessário saber diferenciar um gestor de um líder. Nem todo chefe sabe liderar, e essa situação pode ser a chave de muitos problemas em empresas. Talvez um dos maiores desafios de um bom líder seja lidar com uma variedade de comportamentos, raciocínios e sentimentos. E ter este diferencial competitivo pode significar a garantia de uma vaga de emprego nas melhores organizações. 

Por isso é importante levar em consideração que o ambiente, os relacionamentos interpessoais e o tipo de liderança praticado na instituição influenciam na motivação dos funcionários e impactam no desempenho da empresa. "Gerenciamento é o que você faz e liderança é o que você é. As pessoas não entendem o que é liderança, pensam que é apenas ser um chefe. Não, isso é ser um gerente", explica o norte-americano James Hunter. O renomado escritor veio a Curitiba na semana passada para lançar "De Volta ao Mosteiro", e conversou com a equipe da Folha. 

Em sua nova obra, o autor do best-seller "O Monge e o Executivo" relata a dificuldade de colocar em prática pontos fundamentais para se destacar no mercado e tornar-se um líder. Na obra, os personagens retornam ao mosteiro depois de não terem conseguido colocar em prática todo o aprendizado adquirido com o monge Simeão. Entre seis pessoas, apenas uma teve uma mudança significativa, e os demais acabam ficando confusos. "Estes personagens pensaram que suas vidas iriam mudar, que iriam ter sucesso na vida. Mas acabam descobrindo que não é tão fácil passar por esta transformação. É nesse ponto que o monge fala sobre esse processo de mudança que deve ser aplicado, passos a serem tomados para trazer a liderança para nossas vidas", diz. 

De acordo com Hunter, há um longo caminho entre ler o livo ou assistir uma apresentação de PowerPoint numa palestra e conseguir aplicar os conceitos no dia a dia. A obra ressalta que é necessária uma revolução de conceitos: a transformação precisa acontecer no ambiente familiar, no relacionamento com os amigos e, consequentemente, no trabalho. "É repensar suas atitudes, suas ideias, e traduzir este pensamento para seu coração. E em seguida para suas mãos, para colocá-las em prática. A maioria das pessoas que assistem minha palestra ou leem os livros fica animada, adora a informação, se sente bem por alguns dias, mas depois nada acontece. Este é o problema", aponta o escritor. 

Conforme James Hunter, as pessoas não desenvolvem as habilidades de liderança intelectualmente. Para ele, as pessoas podem saber sobre liderança, mas não conhecem o que é liderar. "É como futebol. Você pode ler livros sobre futebol, assistir televisão todos os dias, mas isso quer dizer que você sabe jogar? Você pode aprender a nadar apenas lendo um livro? Não. Você tem que se molhar, entrar na piscina. É a mesma coisa em relação à liderança, tem que praticar. A parte fácil para mim como professor é fazer com as pessoas concordem com estes princípios. Estas ideias estão por aí há anos e milhões de brasileiros acompanham estes princípios, mas quantos realmente mudaram? Provavelmente 10%", ressalta. 

PASSO A PASSO
James Hunter ensina que para se tornar um bom líder há três passos fundamentais. O primeiro é treinar, praticar, cometer erros para voltar e crescer. Assumir suas restrições e buscar evoluir aos poucos. O segundo passo é identificar as lacunas entre a posição onde você se encontra e até onde quer chegar, determinar metas a serem cumpridas. Por fim, ter um feedback, uma opinião para que você consiga seguir por este caminho com o objetivo de eliminar esta lacuna e executar planos de superação. "Faço isso constantemente em organizações, ajudo os líderes a identificar estas lacunas para que sejam ultrapassadas", destacou o autor. 

Hunter também cita como característica de um bom líder a humildade. Pode parecer fácil, ressalta ele, mas há dificuldade em, por exemplo, se comprometer na frente de outros na tentativa de atingir um nível de excelência, admitindo suas falhas. "Muitos pensam que se eu dizer isso para as pessoas que comando estarei sendo fraco. E sabe qual é a verdade? As pessoas ficam impressionadas com os chefes que fazem isso. Noventa por cento ficam impressionadas com esta humildade. E elas vão ajudar, vão acompanhá-lo neste caminho. É uma atitude autêntica e isso inspira as pessoas", explica.